sexta-feira, 10 de maio de 2013

A minha primeira Ópera


Uma das grandes experiências musicais que ainda não tinha experimentado: assistir a uma ópera. A noite passada concretizei essa experiência e tenho a dizer que fiquei com vontade de repetir.

Fui a uma das grandes salas de espetáculos de Lisboa, e de Portugal, na qual nunca tinha entrado: o Teatro Nacional de São Carlos. É maravilhoso circular por aqueles salões. Todas as ombreiras, portas, paredes e tectos trabalhados. Candelabros imponentes pendurados no centro de cada divisão, espelhos enormes, e ligeira mas elegantemente desgastados em todas as paredes... descer os dois degraus que dão acesso da rua para o interior do teatro quase permite ver uma transformação nas pessoas que estão lá dentro: imaginar os cavalheiros com as suas calças impecavelmente vincadas e sapatos engraxados, o seu charuto na mão e o fumo a elevar-se lentamente, enquanto discutem a politica do momento, e as senhoras de extrema elegância, abanando os seus leques e partilhando os últimos rumores da sociedade. Senti-me num mundo à parte.
Depois entrar no teatro propriamente dito é a cereja no topo do bolo. O Coliseu de Lisboa que me perdoe, mas o tecto do São Carlos, o trabalhado das bancadas e dos corrimões dos camarotes, as pesadas cortinas de veludo no palco, e sobre o camarote presidencial...tudo sugere de facto uma época diferente, pessoas diferentes, uma vivência diferente. É encantador!

Tive a sorte de ficar na primeira fila e foi uma maravilha porque me permitiu observar os brilhantes músicos da orquestra filarmónica portuguesa em acção. Fui ver Rigoletto, de Verdi. Uma história dramática, como a maioria das óperas são, com muita sede de vingança, enganos, mentiras, amor, traição e morte à mistura. Com uma encenação moderna, incluindo motas em palco e meninas vestida de "coelhinhas" numa festa.
Foi a primeira a que assisti, como disse, pelo que não tenho comparação possível, nem tenho bases musicais ou conhecimentos teóricos de ópera para dizer se foi bom ou mau... Posso dizer que a voz da "Gilda" (Romina Casucci) me pareceu perfeita. Agudos de arrepiar e uma capacidade respiratória de tirar o fôlego. Também gostei muito do "Rigoletto" (Piero Terranova), outra voz impressionante!

No inicio não foi fácil conseguir concentrar-me. Entre tentar absorver o cenário, observar todo e cada músico da orquestra, ler as legendas, e apreciar a concentração e rigor do maestro, havia muita informação a processar. A pouco e pouco fui desligando do maestro e dos músicos, lançando apenas relances ocasionais, e li apenas o início das legendas das frases que estavam a ser cantadas. Tendo estudado a ópera antes de ir vê-la tornou a compreensão mais fácil. E assim a pouco e pouco consegui ir me concentrando na performance dos artistas e quando terminou senti-me bastante satisfeita. Foi uma experiência nova e interessante: durante uma noite pertencer a outra época, ir para outro lugar...e depois voltar ao ar fresco da noite e ao presente. Definitivamente algo a repetir quando houver oportunidade! :)

Bem haja!
Rita**